Meu amigo Marcos Serafim é um poeta e grande fã de Madonna. Tempos atrás lancei um album chamado Like A ... Poem, nesse mini album alguns fãs declamaram a letra de algumas músicas de Madonna como se fossem poemas, dentre os fãs estava Marcos Serafim com uma linda declamação de Mer Girl.
Inspirado por Mer Girl ele escreveu o poema Eu, Jardim que você confere logo abaixo. O poeta declara: "Mer Girl é uma música muito importante para mim, tem muito a ver com as coisas que eu mesmo escrevo, gosto da capacidade que alguns tem de transformar sentimentos tão pessoais em coisas tão coletivas, Madonna faz isso em algumas canções."
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Falei acima que o Marcos declamou Mer Girl,
essa declamação e remixes de Mer Girl você encontra AQUI.
O poema:
essa declamação e remixes de Mer Girl você encontra AQUI.
O poema:
Eu, Jardim
Eu abandoei a realidade; desprovida de qualquer sentido capaz de me satisfazer.
Eu calei minha mente que nunca repousa,
Silenciei meus sonhos sempre adiados,
Pacifiquei o ódio que sinto por ainda não conseguir julgar entre nós quem foi a vítima e quem foi o algoz.
Eu emergi dos ruídos da minha triste sanidade e velejei em busca das canções que entoa minha santa loucura.
Eu me esquivei da sua lembrança que permanecia tentando e conseguindo me assombrar.
Eu alcancei o topo das nuvens, eu desaguei do céu.
Eu fui arrastado pela tempestade fria que amaciou meus temores, minha pele, meu espírito; eu escorri para junto das flores dos meus pântanos.
Eu emergi do lago onde não se pode ver Deus.
Eu me refugiei nas ainda tão firmes ruínas da minha fé.
Eu passei pela catedral negra que extraiu calafrios;
Pelas portas dum paraíso que não pretendo conhecer;
Pela estrada margeada por imensos eucaliptos;
Pelo príncipe de olhos primaveris que tão belamente sorri;
Pela velha e vazia atmosfera em que gravitam minhas quimeras.
Burlando a pouca lucidez que me restava, eu me apaixonei pela ilusão; dela tomei imenso fôlego e pensei sobre meu medo da morte,
sobre meu medo da vida ...
Eu vaguei pelas alamedas abandonas duma cidade suja; observei os caídos, gravei em minha memória todas aquelas faces ressequidas.
Senti a dor que deixam as esperanças perdidas, toquei sua decomposição.
Eu sorvi mentiras amargas, eu degustei medos mesquinhos.
Eu blasfemei contra santos, anjos e demônios; esperei por um herói.
E perdido em meio ao tráfego infernal das minhas reminiscências descobri que minha parte pura já não se recorda totalmente daqueles escuros onze anos.
Eu continuo sob a terra.
Eu vaguei pelas florestas escuras em minhas madrugadas solitárias.
Eu mergulhei na lama, com arbustos e espinhos.
Eu adormi junto às arvores...
Foi então que a noite se fundiu ao meu espírito...
Estrelas jorraram do meus olhos; zéfiros curaram minhas feridas.
Dos meus lábios fluíram versos doces e canções trouxeram o tão aguardado perdão para minha história.
Meu coração se estilhaçou dentro do meu peito e o vento levou pela vida vazia meus perfumes, lágrimas e fragmentos.
O Amor me germinou.
Raízes firmam meus pés fracos, flores desabrocham sobre meus pesadelos, folhas encobrem meus pecados...
Sou eu mesmo este Jardim.
Eu abandoei a realidade; desprovida de qualquer sentido capaz de me satisfazer.
Eu calei minha mente que nunca repousa,
Silenciei meus sonhos sempre adiados,
Pacifiquei o ódio que sinto por ainda não conseguir julgar entre nós quem foi a vítima e quem foi o algoz.
Eu emergi dos ruídos da minha triste sanidade e velejei em busca das canções que entoa minha santa loucura.
Eu me esquivei da sua lembrança que permanecia tentando e conseguindo me assombrar.
Eu alcancei o topo das nuvens, eu desaguei do céu.
Eu fui arrastado pela tempestade fria que amaciou meus temores, minha pele, meu espírito; eu escorri para junto das flores dos meus pântanos.
Eu emergi do lago onde não se pode ver Deus.
Eu me refugiei nas ainda tão firmes ruínas da minha fé.
Eu passei pela catedral negra que extraiu calafrios;
Pelas portas dum paraíso que não pretendo conhecer;
Pela estrada margeada por imensos eucaliptos;
Pelo príncipe de olhos primaveris que tão belamente sorri;
Pela velha e vazia atmosfera em que gravitam minhas quimeras.
Burlando a pouca lucidez que me restava, eu me apaixonei pela ilusão; dela tomei imenso fôlego e pensei sobre meu medo da morte,
sobre meu medo da vida ...
Eu vaguei pelas alamedas abandonas duma cidade suja; observei os caídos, gravei em minha memória todas aquelas faces ressequidas.
Senti a dor que deixam as esperanças perdidas, toquei sua decomposição.
Eu sorvi mentiras amargas, eu degustei medos mesquinhos.
Eu blasfemei contra santos, anjos e demônios; esperei por um herói.
E perdido em meio ao tráfego infernal das minhas reminiscências descobri que minha parte pura já não se recorda totalmente daqueles escuros onze anos.
Eu continuo sob a terra.
Eu vaguei pelas florestas escuras em minhas madrugadas solitárias.
Eu mergulhei na lama, com arbustos e espinhos.
Eu adormi junto às arvores...
Foi então que a noite se fundiu ao meu espírito...
Estrelas jorraram do meus olhos; zéfiros curaram minhas feridas.
Dos meus lábios fluíram versos doces e canções trouxeram o tão aguardado perdão para minha história.
Meu coração se estilhaçou dentro do meu peito e o vento levou pela vida vazia meus perfumes, lágrimas e fragmentos.
O Amor me germinou.
Raízes firmam meus pés fracos, flores desabrocham sobre meus pesadelos, folhas encobrem meus pecados...
Sou eu mesmo este Jardim.
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