terça-feira, 25 de agosto de 2009

Opinião Madônnica - Madonna 1992 by Jorge Luiz



Finalmente mais uma participação de um visitante na sessão Opinião Madônnica! Dessa vez um artigo do amigo Jorge Luiz, que é o aniversariante de hoje! Jorge, parabéns!

Vamos ao artigo, e se você quizer saber como colaborar com HOLIDAY SHARE, é simple; basta mandar um artigo sobre Madonna com uma foto sua para madholidayshare@hotmail.com. E mande também sua MP3 declamando uma letra de Madonna, essas declamações serão lançadas em um album especial.


MADONNA 1992


Eu sempre achei que os anos 80 tinham sidos suficientes pra ela. Senão vejamos: vários singles na parada de sucesso, um filme marca registrada, álbuns conceituais e populares, shows inovadores e, alguns, poucos deslizes. Seus contemporâneos oitentistas já estavam conformados e serem datados e vistos ou como “one hit wonder” ou como a cara da década da celebração!

Mas ela não...ela nunca está satisfeita, nunca para, nunca descansa. As vezes eu até me pergunto se ela realmente é um ser humano como todos nós somos ou se é um holograma quase que perfeito e incansável.

Agora estamos no fim de 1992 e o mundo passou por algumas reviravoltas: a Europa agora está fundida num bloco econômico só, um presidente corrupto sofreu impeachment numa república sulamericana; A Bósnia e Herzegovina tornou-se independente; no maior presídio brasileiro ocorreu uma chacina digna de filme; a Cidade Maravilhosa sediou uma conferência mundial sobre meio ambiente; segundos os entendidos no assunto de saúde ser gay não é mais considerado uma doença e um principe depois de muita traição e brigas internas no seu castelo separou-se da princesa... Mas nada tomou tanta atenção da mídia quanto seu livro, seus videos e seu álbum.

Ser seu fã no período do lançamento do livro SEX e do album EROTICA era uma provação e tanto. A música tinha dado espaço pras imagens quase que pornográficas e a própria trilha sonora do personagem Dita parecia vir cheio de perversão e sujeira. A imprensa deliciava-se com tudo que eram bombardeado nas tvs e nas revsitas. Muito se falava, se especulava mas nada de concreto sabia-se na verdade...afinal ainda não temos uma tecnologia que nos permita saber tudo ao mesmo tempo em tempo real como teremos num futuro próximo. Então ou você ia atrás do era publicado ou ficava sem saber de nada, então optava-se pela primeira alternativa!

O single de EROTICA foi lançado em Setembro e o album homônimo e o livro foram lançados em Outubro. A confusão foi total e todas as palavras de baixo calão que podem ser dirigidas à uma mulher, eu ouvi sobre ela: vagabunda, piranha, “aidética”, pervertida, lésbica, sapatão, ordinária, cretina, vadia, quenga e por aí vai.

O mais impressionante é que ninguém e quando eu digo ninguém é ninguém mesmo, à principio, conseguiu percerber a grandiosidade daquele pacote de erotismo. O livro contém imagens belíssimas feitas por Steven Meisel como pequenas e verdadeiras obras de arte fotográficas. Lembro que quando comprei o meu SEX, no dia 13 de novembro de 1992, numa sexta-feira, e folheei página por página, passei por uma espécie de angústia existencial, pois à cada foto eu ficava maravilhado e extasiado não só com a beleza das fotos em si, mas principalmente com a coragem dela em fazer aquele livro. A tal angústia vinha por eu saber (ou pensar naquele momento) que ali seria o fim de uma carreira tão bem construída. Já o album EROTICA ainda é o melhor pra mim: moderno, sensual, letras fortes, à frente de seu tempo e completamente atemporal. Os arranjos das canções extremamente bem elaborados, a voz rouca e arrastada da persona Dita, os samplers e o início com som de vinil antigo e arranhado, me fizeram viajar como nenhum outro disco havia feito, antes e certamente não o fará depois.

Era aí que residia minha raiva de quem falava aquelas palavras “lindas” que mencionei anteriormente. Nenhum deles havia visto o livro “ao vivo” ou escutado o album inteiro e com atenção. Todo mundo apenas repetia o que os outros falavam e muita coisa que foi dita naquele período era mentira ou a história era distorcida. E falar mal dela era o mais novo hit da moda. Muita gente especializada decretou o fim da sua carreira dizendo que o livro e o disco foram dois tiros nos pés! E o que eles sabiam? De quase nada, eu acho!

Pra mim, esse ano vai ser sempre o divisor de águas em sua carreira. Porque quem sustentou o respeito e admiração por seu trabalho nessa fase, sustenta qualquer coisa, até mesmo se ela fizer alguma merda depois, pois esse período meio que compensa os outros ruins que poderão vir.

Quem estiver lendo esse texto e quiser um conselho de um fã; dispa-se de todos os preconceitos, esqueça tudo que você leu ou ouviu sobre o album EROTICA e o escute com um bom fone de ouvido e sem pausas e depois tire suas conclusões sobre as qualidades artísticas dessa mulher!

Ainda voltando no dia 13 de novembro de 1992, ao terminar de folhear o SEX ao lado de uma amigo, ele olhou pra mim e perguntou: − E aí, o que você achou?; E eu respondi: − Rapaz das duas uma: ou ela acabou definitivamente com a carreira, ou vai transcender essa coisa de ser só mais uma cantora pop e tornar-se mito. E a resposta à essas duas alternativas o tempo dará! E eu aposto minhas fichas na 2ª .


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